terça-feira, 30 de abril de 2013

Vigília Dominical : O Ofício das Vésperas.

VÉSPERAS 

 Seu significado simbólico : Ela nos lembra os primeiros momentos da Criação do mundo, mesmo antes da criação do homem, seguindo com a revelação paulatina do Senhor, Nosso Redentor entre nós.

Tradicionalmente o ofício das vésperas tem seu inicio as 17 ou 18 horas. Antes de ter inicio, sacerdotes e auxiliares do altar estudam as características móveis do oficio.

Os auxiliares no Santuário, os Acólitos, vestem paramentos com as mesmas cores daqueles utilizados pelos Sacerdotes. Para vestir seus paramentos, os Acólitos pedem, a cada serviço realizado, benção para se paramentar, assim como também para retirar o paramento. 

O preparo do turíbulo  do carvão e do incenso, o acender e manter acessa as velas e lamparinas do Santuário e do Iconostásio, sã tarefas dos Acólitos. Nas Vésperas, logo no início do ofício, se faz necessário o turíbulo pronto. 
A véspera inicia-se com incensação,  com o turíbulo nas mãos, o Presbítero incensa o Altar . As Portas Santas são abertas e as luzes do templo são acessas.


Significado : A incensação neste momento nos diz que o Espírito Santo estava presente mesmo antes do mundo existir. O Turíbulo na mão do Sacerdote indica que Nosso Senhor Jesus Cristo, que enviou o Espírito Santo ao mundo, é o Cordeiro imolado, já desde a Criação do mundo. Diácono e Presbítero circundam a Mesa Santa por três vezes, sempre estando um de frente para o outro. 
Após incensar a Mesa Santa o Presbítero incensa todos os lados do Santuário  da direita para esquerda, tendo sempre o Diácono com a vela a o preceder. São incensados todos os ícones do Santuário.  O coro permanece em silencio, e em todo o templo apenas se ouve o som dos guizos do turíbulo.
Os acólitos e se houverem outros sacerdotes no santuário são também incensados. Como é possível perceber, no ofício da Vigília Dominical, o Presbítero não faz uso da sua tunica. Esta só ´´e utilizada quando da Divina Liturgia. Na Vigilia Dominical e em outros oficios, o Presbitero usa o Felonion por cima da Batina Exterior.
Depois da incensação do Altar, o Diácono, passando pelas Portas Santas , fica no ambão, se virando para o povo, os conclama ("levantai-vos) e diante das Portas Santas pede a benção do Presbítero ("Abençoa, Mestre").



Após isso o Presbítero , tendo ainda o turíbulo a mão, faz o sinal da Cruz com ele, dizendo as palavras “Gloria a Santíssima, consubstancial, vivificante e indivisível Trindade, Agora e Sempre e pelos Séculos dos Séculos”.

Significado
 : O diácono se apresenta como elo entre os sacerdotes celebrantes e o povo, convidando os fieis para se unir com o Presbítero na oração, para participar do serviço de louvor com o seu coração, com atenção.

O Presbítero, com o sinal da cruz com o turíbulo, demonstra que foi através de Nosso Senhor Jesus Cristo que os cristão se tornaram capazes de vislumbrar o Mistério da Trindade Santa. 
O “Vinde e Adoremos”, ditos pelo Sacerdote diante do Altar vem na seqüência.

Agora o Presbítero novamente precedido pelo Diácono com a vela, vão incensar o Iconostásio,  a nave da igreja, o coro e os fiéis.
O coro então canta o Salmo 103  “Bendiz, ó minha alma”.

Significado : Ele é uma ode do homem ao poder criador de Deus, uma manifestação de maravilhamento com a beleza e ordem da Criação, com a perfeição de todas as coisas, até mesmo as menores, todas expressão a maravilha da Criação de Deus.

Enquanto o coro canta o Salmo, o Sacerdote incensa a nave, também como lembrança que o Espírito Santo anterior a Criação do mundo. As Portas Santas continuam abertas, e isso nos remete as Portas do Paraíso e as primeiras pessoas criadas, Adão e Eva, antes da Queda.

Quando o Sacerdote entra no Santuário, termina a incensação e as Portas Santas se fecham e as luzes se apagam, como um símbolo da Queda do homem, de sua separação de Deus.

  o Diácono vai para o ambão, ficando diante das Portas Santas fechadas, e inicia a Grande Litania, que sempre se inicia com as palavras “Em paz”. 

Significado :Tal ordem simboliza que a paz é o estado base para que um fiel realize suas orações. 

O coro responde a cada petição com o “Senhor, tem piedade”. Ao final de suas petições, o Diácono comemora a Santa Mãe de Deus.

Significado : Aqui temos marcado o papel intercessor de Nossa Mãe Santíssima, acima de todos os Santos, e a Grande Litania é encerrada pelo Sacerdote, que dentro do Altar recita as Palavras em Honra da Santíssima Trindade.

 Na seqüência temos o Saltério, que nas paróquias é lido em uma forma reduzida , com o coro recitando os versículos do Primeiro Salmo, e o Diácono permanece de pé fora do Altar.

Significado : O Saltério é a emolduração cristã das verdades sagradas contidas no Antigo Testamento. Assim, na Vigília, temos como receber toda essa riqueza, já com a Luz do Cristo.

Após o Saltério, inicia-se a Pequena Litania, que como o nome indica, é uma seqüência de petições de suplicas reduzidas, em relação a Grande Litania.

Significado : Tal retorno as petições simbolizam o estado de tristeza da humanidade por Queda, em contínua súplica a Deus, até a Vinda do Senhor.







Na seqüência temos o canto dos Salmos 140 e 141, que são manifestações mais intensas da súplica do homem caído, uma súplica sincera, com arrependimento verdadeiro e desejo de servir a Deus. 

Significado :Com este Salmo, cada fiel nos dias de hoje pode se juntar a súplica dos nossos pais, em um reconhecimento de que nós também somos pecadores em busca de perdão.

Durante a recitação desses salmos, o Diácono novamente incensa a nave.

Significado : O salmo 141 diz : “Que a minha oração se eleve a Ti como um incenso”, e tal exalação do incenso é uma memória do sacrifício ofertado pelo povo de Deus em cada noite, quando ainda sob a Lei Mosaica.

O incenso tomando todo o templo, simboliza a oração de todos os fieis subindo aos céus, o Diácono incensa a nave e os fieis, e cada um fiel responde a incensação inclinando a cabeça, como um reconhecimento de que a oração de cada um deles está indo aos céus.

 Na seqüência temos a recitação por parte do coro de cânticos litúrgicos próprios do dia , que podem tratar das Bem Aventuranças, da comemoração de um santo, ou da Ressurreição do Senhor, e estes são recitados em alternância com Salmos, em uma seleção própria do dia.

Significado : Esses cânticos mesclam a tristeza do reconhecimento da queda, com a esperança da redenção em Cristo.Na seqüência, novamente temos as Portas Santas abertas, as luzes acessas e há uma nova incensação do templo pelo Diácono, enquanto se canta um hino em Honra a Mãe de Deus e ao Mistério do Encarnação, denominado Dogmática (menção ao Dogma da Encarnação através da Virgem Mãe de Deus)


.Ao fim da Dogmática, temos a Pequena Entrada (Procissão com Evangeliário), quando o Diácono e o Sacerdote saem do Santuário pelas Portas Diaconais.Significado : O Diácono simboliza então São João, o Precursor do Senhor, enquanto o sacerdote representa o próprio Cristo.


 Significado: O Mistério da Encarnação frisa que através da Mãe de Deus, todos os homens foram libertados da escravidão do pecado, pois através da Mãe de Deus veio ao mundo o Deus-Homem, santificando a humanidade. Temos na Dogmática o vislumbre da união entre o Céu e a Terra no mesmo espaço. Ao final da Dogmática, o Diácono, após incensar o altar, a nave , o povo e o coro, adentra o Santuário pelas Portas Santas, seguido pelo Sacerdote, e indo guardar o turíbulo diz “Sabedoria, fiquemos em pé”.



Neste momento, o coro recita o cântico “Luz Jubilosa” :

Ó LUZ JUBILOSA DA SANTA GLÓRIA DO PAI CELESTE, IMORTAL, SANTO E BEM AVENTURADO, SENHOR JESUS CRISTO! 
CHEGADOS AO PÔR DO SOL, CONTEMPLANDO A LUZ VESPERINA, NÓS CANTAMOS O PAI E O FILHO E O ESPÍRITO SANTO DE DEUS.
É DIGNO QUEM EM TODO O TEMPO TE LOUVEMOS COM VOZES PURAS, Ó FILHO DE DEUS, QUE DÁ A VIDA : TODO O UNIVERSO TE DÁ GLÓRIA !

Significado : Este hino  faz menção a analogia de Cristo com o sol, Sua Luz com o fim das trevas da noite, e nos remete a adoração da Igreja aos Santos Ícones, pois é dito nele ser Cristo a face visível da Trindade Santa, o ícone desta Trindade.

A exclamação do Prokimenon ocorre então imediatamente após o canto do “Luz Jubilosa”, com o Diácono entoando o Prokimenon do dia.




O Prokimenon é uma pequena passagem das Escrituras, intercaladas com versículos dos Salmos, e ele é lido no Santuário pelo Diácono, intercalando as falas com a do coro.


Ao fim do Prokimenon, fecha-se as Portas  Santas, apagam-se as luzes, e o Diácono sai do Santuário pelas Portas Diáconais. Fica de pé no ambão e dá inicio a Litania  Fervorosa.
Ao final da Litania, o Sacerdote de dentro do Altar, diz “A Paz esteja convosco”, e o Diácono responde : “Inclinemos nossas cabeças diante do Senhor”. Neste momento, o Sacerdote realiza orações em silencio, em favor dos fiéis.
Começa então a Litania de Suplica,  ainda com as Portas Santas fechadas e as luzes apagadas, com a resposta do povo sendo “Concede Senhor”, ao invés do “Senhor tem piedade”.

Significado :  A Pequena Entrada simboliza a vinda do Senhor ao mundo, que faz conhecida de todos a aproximação de Deus em busca do homem, para que tenhamos animo para orar. 

Em razão disso, a Igreja indica a intensificação de sua comunhão em oração imediatamente após ao Prokimenon e as leituras que o seguem. Agora temos, em substituição ao "Senhor, tem piedade", as palavras "Concede Senhor", que enfatizam ainda com mais clareza a intensidade da suplica pessoal.

 Se no início das Vésperas o clamor da Litania era em favor do bem estar em todo o mundo, agora temos um pedido especificamente relacionado para a nossa cura, para o bom guiamento da nossa vida espiritual, para que um Anjo de Deus nos proteja para nos seja possível vivermos um dia em paz e sem pecado, e que em caso de nosso falecimento, nos seja possível nos postar com esperança no Temível Tribunal de Cristo.

A oração que o Sacerdote faz em silencio quando do "Inclinemos as cabeças", se destina a ofertar a Deus a seguinte mensagem : Esses pecadores não aguardam dos homens qualquer auxílio, mas sim e somente esperam auxílio salvífico do Senhor, os mantendo livres dos inimigos interiores e exteriores, dos maus e vãos pensamentos.  Então, esse "inclinar as cabeças" é um sinal visível da total submissão dos fiéis a Deus, na confiança de estarem sob a Sua proteção.


                                                         Hinos finais das Vésperas

No início das Vésperas, vemos a Criação do mundo, passamos pela queda do homem, celebramos a Encarnação e o Aparecimento do Cristo.
Agora ao fim, com a oração de São Simeão, se estabelece um marco definitivo, indicando o fim do período da Antiga Aliança, seguindo agora então com o Novo Testamento.
Imediatamente após ao Cântico de São Simeão, temos a seqüência do Trisagion, do Tropário de Despedida e do Tropário a Mãe de Deus, cantado três vezes, que marca fundamentalmente o vislumbre da Ressurreição, anunciado a temática das Matinas, que vai começar justamente após as Vésperas.

O sacerdote, saindo pelas portas diaconais, abençoa  o povo, de pé no ambão, dizendo : " A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo desça sobre vós, por Sua graça e amor divino em favor dos homens, agora e sempre e pelos séculos dos séculos."
As Portas Reais são fechadas, as luzes são apagadas, e finda-se o ofício das Vésperas.