quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vigília Dominical : O Ofício de Matinas (Primeira Parte)

                                                                                         Os Seis Salmos

Matinas,  quando realizadas na imediata  sequencia das Vésperas, começa com a leitura dos Seis Salmos :  3, 37, 62, 87, 102, e 142 , lidos em ordem sequencial.
A leitura dos Salmos é precedida por dois versículos bíblicos: As palavras três vezes repetidas  em louvor pelo anjo em Belém: "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lucas 2:14) , e  duas frase do Salmo 50, repetida por duas  vezes : "Senhor, Tu abrir meus lábios, e minha boca anunciará os teus louvores" .
                                                                     Significado :

O primeiro desses versos, as palavras angelicais de louvor, de forma clara e eloquentemente apontam em três direções fundamentalmente relacionados a luta  de uma vida cristã:

 Para cima, em direção a Deus nas palavras de louvor: "Glória a Deus nas alturas",

para o exterior ,  em direção a cada próximo,  nas palavras ", e paz na terra", e para as profundezas de cada coração, nas palavras, "boa vontade entre os os homens. "

Todas as direções unificadas formam o símbolo da Cruz, manifestando assim o ideal da vida cristã: a paz concedida Deus, a paz entre os homens, e paz na alma.
O Leitor se posiciona no centro da nave, diante do icone central, e segurando uma vela para iluminar a sua leitura, da inicio a leitura dos Salmos.

Durante a leitura dos Seis Salmos as velas e demais focos de luz da igreja devem ser apagados.

   Significado :

O cair da escuridão simboliza a noite escura,  quando Cristo veio à terra,  quando  o anjo cantou o hino de louvor: "Glória a Deus nas alturas".

A penumbra da igreja nos ajuda a orar mais intensamente.

Os Seis  Salmos abrangem  toda a gama de experiências humanas que iluminam o Novo Testamento e a  vida cristã,  por justamente iluminarem o doloroso caminho que ao fim conduz a verdadeira alegria.

Na metade dos Seis Salmos , o salmo  87, o mais triste dos seis lidos,  é preenchido de uma  terrível amargura.

Quando então este salmo é lido,  o sacerdote deixa o altar e se porta diante das  Portas Reais, e em silencio  ler as orações da luz, que ele já estava lendo no altar  diante da Mesa Santa.

 Neste  momento, o sacerdote simboliza Cristo, que, depois de ouvir o sofrimento da humanidade decaída, não só desce para a humanidade, mas mesmo compartilha  o seu sofrimento até o fim. O salmo lido neste momento, fala deste tema.


Estas orações  lidas pelo sacerdote silenciosamente contêm orações por todos os fieis, para que sejam perdoados os seus pecados, para que lhes seja dada a verdadeira fé e  amor sincero, para que todas as suas obras sejam abençoadas, para que todos  possam ser dignos do Reino Celestial 
Orações da luz
1ª.
Senhor, cheio de compaixão e de
misericórdia, lento na cólera e rico em
piedade, escuta a nossa oração e sê atento à
voz da nossa súplica. Sê bom para conosco,
conduz-nos pelos Teus caminhos, a fim de
que caminhemos em Tua verdade. Rejubila
nosso coração no temor de Teu Santo Nome,
pois Tu és grande e fazes maravilhas. Só Tu
és Deus e ninguém dentre os seres divinos é
igual a Ti, Senhor, poderoso em misericórdia
e bom na força para socorrer, consolar e
salvar aqueles que esperam em Teu Santo
Nome.
Pois a Ti pertence toda a Glória, toda a
Honra e toda a Adoração, Pai, + Filho e
Espírito Santo, eternamente, agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém!
2ª.
Senhor, não nos castigues em Tua ira nem
nos censures em Teu furor. Age para
conosco segundo a Tua bondade, ó médico
que curas as nossas almas. Conduz-nos ao
porto da Tua bondade e ilumina os olhos de
nosso coração, para que conheçamos a Tua
verdade. Concede-nos que passemos o resto
deste dia e de toda a nossa vida em paz e
sem pecado, pelas oraç
ões da Santa Mãe de
Deus e de todos os Santos.
Pois a Ti pertence a Forç
a, o Reino, o Poder e
a Glória, Pai + Filho e Espírito Santo,
eternamente, agora e sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém!
3ª.
Senhor, nosso Deus, lembra-Te de nós, Teus
servos, pecadores e inúteis. Sempre que
invocamos o Teu Santo Nome, não nos
confundas na esperança da Tua
misericórdia, mas concede-nos, Senhor,
todos os bens que pedimos para a nossa
salvação. Torna-nos dignos de Te amarmos
de todo o nosso coraçã
o, de Te temermos e
de fazermos sempre a Tua vontade.
Pois Tu és um Deus bom e amigo do
homem, e a Ti rendemos glória, Pai, + Filho
e Espírito Santo, eternamente, agora e
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
4ª.
Senhor, a Quem celebram os hinos
incessantes e os cânticos de glória contínuos
dos Poderes celestes, enche os nossos lábios
do Teu louvor para que enalteçamos o Teu
Santo Nome e faz-nos participar na herança
eterna com todos aqueles que Te temem na
verdade e guardam os Teus mandamentos,
pelas orações da Santa Mãe de Deus e de
todos os Santos.
Pois a Ti pertence toda a Glória, toda a
Honra e toda Adoração, Pai, + Filho e
Espírito Santo, eternamente, agora e sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém!

.
Senhor, que em Tuas mãos imaculadas
conténs todas as coisas, que és magnânimo
para com todos nós, que lamentas as nossas
iniqüidades, lembra-Te da Tua compaixão e
piedade e protege-nos segundo a Tua
bondade. Concede também a graça de
escaparmos, neste dia, às maquinações de
toda espécie do Maligno e preserva-nos de
todas as ciladas, pela graça do Teu Espírito
Santo.
Pela misericórdia e amor pelo homem de
Teu Filho único, com o qual és bendito, bem

como do Teu Espírito Santo, bom e
vivificante, eternamente, agora e sempre e
pelos séculos dos séculos. Amém!
6ª.
Ó Deus infinitamente grande e admirável,
que, na Tua providência, governas todas as
coisas com uma bondade incompreensível,
que nos destes os bens temporais e, pelos
bens já concedidos, um penhor do Reino
prometido, Tu que, durante este dia, nos
concedeste evitássemos todo o mal, faz que
vivamos fora do pecado o resto da nossa
vida, em presença da Tua Santa Glória, e
cantemos o Único Deus, bom e amigo do
homem.
Pois Tu és o nosso Deus e nós Te damos
Glória, Pai, + Filho e Espírito Santo,
eternamente, agora e sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém!
7ª.
Ó Deus grande e sublime, o Único Imortal,
que habitas na Luz inacessível, que criaste o
Universo com sabedoria, que separaste a luz
das trevas, que estabeleceste o Sol para
presidir ao dia, a Lua e as estrelas para
presidirem à noite, que nos julgaste dignos,
ainda que pecadores, de nos apresentarmos,
nesta hora, diante da Tua Face, para Te
louvarmos e oferecermos o hino vespertino,
Tu mesmo, ó Amigo do homem, faz que a
nossa oração se eleve a Ti como o incenso e
recebe-a como um perfume de suavidade
espiritual. Concede-nos que passemos, na
paz, esta tarde e a noite que se aproxima,
reveste-nos com as armas da luz, livra-nos
dos terrores noturnos que se propagam nas
trevas e faz que o sono que nos concedes
para refazermos as nossas forças seja isento
de toda a inspiração diabólica. Sim, Mestre,
primogênito de todas as criaturas e
dispensador de todos os bens, faz que,
penetrados de arrependimento, nos nossos
leitos, nos lembremos do Teu Nome e,
guiados pelos Teus mandamentos, nos
levantemos com a alegria no coração para
glorificarmos a Tua bondade e suplicarmos
a Tua misericórdia para as nossas próprias
faltas e para os erros do Teu Povo que Te
pedimos protejas, pelas orações da Santa
Mãe de Deus.
Pois Tu és um Deus bom e amigo do homem
e a Ti rendemos glória, Pai, + Filho e Espírito
Santo, eternamente, agora e sempre e pelos
séculos dos séculos. Amém!



                                                                   
                                                                    Grande Litania


Após a conclusão dos Seis Salmos e das orações da luz feitas pelo sacerdote, a  Grande Litania  é mais uma vez entoada pelo Diácono, como já havia sido  durante as Vésperas, no início da Vigília noturna.


                                                                       Significado :

Neste momento, esta sequencia de súplicas é dirigida diretamente a  Cristo, o Intercessor, que agora surge na terra, como foi anunciado com os versiculos relativos a Sua Natividade , ditos antes do início dos Seis Salmos.

Cristo então irá atender a todas as súplicas em favor de nosso bem estar físico e espiritual, contidas na Litania.


                                                   Salmo 117 "O Senhor é Deus"

Imediatamente após a Grande Litania, , ouvimos o canto do Salmo 117: "O Senhor é Deus", e o seu refrão muitas vezes repetido: " O Senhor é Deus e Ele se nos manifestou, Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor. "

                                                                    Significado :

Este cantico é proferido neste ponto específico das Matinas a fim de dirigir a nossa  atenção para o inicio do Ministério Público de Cristo.


Este versículo expande o louvor do Salvador que foi ouvido já no início das Matinas durante a leitura dos Seis  Salmos.

Estas palavras também servem como uma saudação a Jesus Cristo, quando Ele adentrou em Jerusalém pela última vez antes de Sua paixão na cruz.

A doxologia "O  Senhor é Deus e Ele se nos manifestou..." e os três versículos especiais que se seguem são cantados  pelo Diácono diante do ícone de Cristo no iconostasio, de modo que o coro repete o primeiro verso, "O Senhor é Deus e Ele se nos manifestou."


O canto ou a recitação dos versos buscam refletir um estado de espírito alegre e festivo. Por esta razão,  neste momento as velas e demais luzes da igreja, que estavam apagadas desde a   leitura do Seis Salmos penitenciais, são novamente acesas.

Imediatamente após os versos  "O Senhor é Deus", o Tropario da Ressurreição é cantado.

A Festa é glorificada nEle e a essência das palavras " O Senhor é Deus e Ele se nos manifestou " é  então explanada nesse tropário, pois nele  os sofrimentos de Cristo e a Sua ressurreição dentre os mortos são inicialmente descritos,  e vão ser iluminados em detalhes no continuar do ofício das Matinas.                                                                     

                                                                       Kathismas

Na Vigília o segundo e terceiro  Kathisma  são lidos após a conclusão da  Grande Litania e dos versos  " O Senhor é Deus...", e  do tropario da ressurreição.

A palavra grega καθισμα (kathisma) significa  o "lugar" ou "tenda", e  durante a  sua leitura ha permissão para os fiéis  sentarem.

O Saltério inteiro é  composto de 150 salmos, é dividido em 20 kathisma, isto é, em 20 grupos ou capítulos de salmos.

Cada kathisma por sua vez é dividido em três "glórias", isto é, cada seção de kathisma conclui com as palavras: "Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo", sendo cantado três vezes, e depois de cada " glória ", o coro canta" Aleluia, Aleluia, Aleluia. Glória a Ti, ó Deus. "

                                                                            Significado :

O kathisma contem expressões de penitenciais e contemplativas. Eles nos convidam a considerar os nossos pecados, e  são justamente incluídos pela Igreja Ortodoxa nos Serviços Divinos para instar os fiéis a olhar para as suas próprias vidas e ações, e aprofundar o seu arrependimento diante de Deus.

O segundo e o terceiro  kathisma lidos durante as matinas dominicais são de caráter profético. Eles descrevem a paixão de Cristo: o abuso que Ele suportou, o cravar de pregos em Suas mãos e pés,  o sorteio de partes de suas vestes,  Sua morte e ressurreição dentre os mortos.
O kathisma da Ressurreição, durante a vigília busca conduzir os fiéis para a parte central e mais festiva do oficio,  para o polyeleos.

                                                                       O Polyeleios

"Louvai o nome do Senhor... Aleluia".

Estas e as demais palavras entoadas no Polyeleios são  tiradas dos Salmos  134 e 135 e  são introduzidas na  parte mais festiva do Serviço  da Vigília da Ressurreição.

                                                                      Significado :

O Polyeleos  celebra a ressurreição de Cristo. A palavra πολυελεοσ ( polyeleos) vem de duas palavras gregas que significam "grande em benignidade".

O ponto crucial e fulcral do polyeleos repousa no cantico "Louvai o nome do Senhor", com cada verso dos Salmos seguido pelo refrão "e a sua benignidade é eterna."

Neste refrão, o Senhor é glorificado pelas misericórdias abundantes  que Ele derrama sobre  o homem,  sendo a maior dessas misericordias a salvação e redenção do homem.
No  polyeleos, as Portas Reais são abertas, e  toda a igreja é iluminada,


O clero sai  do altar e incensa toda a igreja.  Através destas ações litúrgicas, testemunhamos os acontecimentos da Ressurreição



Na abertura das Portas Reais , vislumbramos como Cristo ressuscitou do sepulcro, e na procissão do  clero do altar para o centro da igreja, vemos  como Ele apareceu novamente entre os Seus discípulos.
 
Enquanto isso está acontecendo, o salmo: "Louvai o Nome do Senhor" (Salmo 134:3), continua a ser cantado, juntamente com o refrão angelical, "Aleluia" (Louvado seja o Senhor).



Aqui temos o coro  agindo em nome dos anjos, chamando os fiéis para louvar o Senhor ressuscitado.

O canto  "grande em benignidade" durante os polyeleos,  demonstra de forma marcante  a misericórdia de Deus.

É especialmente adequado durante esta parte do oficio, cada fiel louvar o Seu Nome e agradecer a Ele por Sua misericórdia.

Quando do tempo de preparação para a Grande Quaresma, o curto Salmo 136 é adicionado entre os versos do Salmo 134 e 135 que constituem os polyeleos.


O Salmo 136 começa com as palavras "pelas águas da Babilônia" e fala do sofrimento do povo hebreu no cativeiro babilônico e da sua dor pela perda de sua terra natal.

Ele é  cantado durante as várias semanas antes da Grande Quaresma, para que nós,  como os hebreus que se lutaram para se libertar do cativeiro babilônico e retornar à sua pátria, a Terra Prometida, os cristãos que são o Novo Israel, possam então agora se esforçar em arrependimento e abstinência, para ingressar em  seu lar espiritual, o Reino de Deus.
O Clero em procissão, parte do centro da igreja, e retornando ao Santuario, incensa o Altar, ao sair dele incensa o iconostásio e os cantores do coro.


Do ambão, o povo é incensado
Incensado tanto os postados a direita quanto a esquerda da nave,  e então a procissão desce novamente
Então toda a nave é incensada, e tendo o Diácono a frente com a vela, o Presbitero caminha com o turíbulo
Os fiéis devem deixar os cantos coim os ícones liberados, para que os ícones sejam incensados.
O Díacono a frente simboliza o Precursor, São João Batista, que precede o Cristo, simbolizado pelo Presbitero. Os acólitos neste momento, simbolizam os anjos, que nunca deixam de ladear o Senhor.



Durante as festas do Senhor e da Deípara, bem como em dias comemorativos  de santos especialmente venerados por uma comunidade, o polyeleos é seguido por uma ampliação, um verso curto de loas para a festa ou  para o  santo do dia.

Neste momento,  o clero, diante do ícone festivo no centro da igreja, canta estes versos extras, e  enquanto a igreja inteira é incensada, o coro repete o mesmo texto várias vezes.


O Presbitero entrega o incenso ao Diácono,, e este incensa o Presbítero.


Os anjos foram os primeiros a saber da ressurreição de Cristo e a dizer a Boa Nova as pessoas.

Assim, o polyeleos começa com os anjos cantando: "Louvai o nome do Senhor."

Depois dos anjos,  foram as mulheres portadoras de mirra (pois  de acordo com o antigo costume hebraico, foram ao sepulcro de Cristo para ungir seu corpo com mirra, um óleo aromático) que souberam da notícia da ressurreição.

Assim, o canto do Aleluia angelical é seguido pelo tropario da ressurreição que narra a visita  das miróforas.
Cada tropario é precedido pelas palavras, "Bendito és Tu, ó Senhor, ensina-me os teus mandamentos."

Por último, temos a notícia da ressurreição dada aos  apóstolos. Neste momento da história do Evangelho é comemorado com a leitura do Evangelho da Ressurreição, a parte central do Serviço de Vigilia.

Várias doxologias preliminares e orações precedem a leitura do Evangelho.
Assim, após o tropário da Ressurreição e de uma Pequena Litania ,  os versos especiais conhecidos como  prokimenos.

A razão para esta longa  preparação dos fiéis para a leitura do Evangelho é que o Evangelho continua a ser um livro "lacrado" e uma "pedra de tropeço" para aqueles entre os fiéis que a Igreja ainda não ensinou o entendimento e a aceitação correta dele.

Os Santos Padres ensinam que um cristão deve orar primeiro para tirar o máximo proveito espiritual da leitura da Sagrada Escritura. Esta preparação  introdutório e orante para a leitura do Evangelho na Vigília tem  esse propósito
.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Vigília Dominical : O Ofício das Vésperas.

VÉSPERAS 

 Seu significado simbólico : Ela nos lembra os primeiros momentos da Criação do mundo, mesmo antes da criação do homem, seguindo com a revelação paulatina do Senhor, Nosso Redentor entre nós.

Tradicionalmente o ofício das vésperas tem seu inicio as 17 ou 18 horas. Antes de ter inicio, sacerdotes e auxiliares do altar estudam as características móveis do oficio.

Os auxiliares no Santuário, os Acólitos, vestem paramentos com as mesmas cores daqueles utilizados pelos Sacerdotes. Para vestir seus paramentos, os Acólitos pedem, a cada serviço realizado, benção para se paramentar, assim como também para retirar o paramento. 

O preparo do turíbulo  do carvão e do incenso, o acender e manter acessa as velas e lamparinas do Santuário e do Iconostásio, sã tarefas dos Acólitos. Nas Vésperas, logo no início do ofício, se faz necessário o turíbulo pronto. 
A véspera inicia-se com incensação,  com o turíbulo nas mãos, o Presbítero incensa o Altar . As Portas Santas são abertas e as luzes do templo são acessas.


Significado : A incensação neste momento nos diz que o Espírito Santo estava presente mesmo antes do mundo existir. O Turíbulo na mão do Sacerdote indica que Nosso Senhor Jesus Cristo, que enviou o Espírito Santo ao mundo, é o Cordeiro imolado, já desde a Criação do mundo. Diácono e Presbítero circundam a Mesa Santa por três vezes, sempre estando um de frente para o outro. 
Após incensar a Mesa Santa o Presbítero incensa todos os lados do Santuário  da direita para esquerda, tendo sempre o Diácono com a vela a o preceder. São incensados todos os ícones do Santuário.  O coro permanece em silencio, e em todo o templo apenas se ouve o som dos guizos do turíbulo.
Os acólitos e se houverem outros sacerdotes no santuário são também incensados. Como é possível perceber, no ofício da Vigília Dominical, o Presbítero não faz uso da sua tunica. Esta só ´´e utilizada quando da Divina Liturgia. Na Vigilia Dominical e em outros oficios, o Presbitero usa o Felonion por cima da Batina Exterior.
Depois da incensação do Altar, o Diácono, passando pelas Portas Santas , fica no ambão, se virando para o povo, os conclama ("levantai-vos) e diante das Portas Santas pede a benção do Presbítero ("Abençoa, Mestre").



Após isso o Presbítero , tendo ainda o turíbulo a mão, faz o sinal da Cruz com ele, dizendo as palavras “Gloria a Santíssima, consubstancial, vivificante e indivisível Trindade, Agora e Sempre e pelos Séculos dos Séculos”.

Significado
 : O diácono se apresenta como elo entre os sacerdotes celebrantes e o povo, convidando os fieis para se unir com o Presbítero na oração, para participar do serviço de louvor com o seu coração, com atenção.

O Presbítero, com o sinal da cruz com o turíbulo, demonstra que foi através de Nosso Senhor Jesus Cristo que os cristão se tornaram capazes de vislumbrar o Mistério da Trindade Santa. 
O “Vinde e Adoremos”, ditos pelo Sacerdote diante do Altar vem na seqüência.

Agora o Presbítero novamente precedido pelo Diácono com a vela, vão incensar o Iconostásio,  a nave da igreja, o coro e os fiéis.
O coro então canta o Salmo 103  “Bendiz, ó minha alma”.

Significado : Ele é uma ode do homem ao poder criador de Deus, uma manifestação de maravilhamento com a beleza e ordem da Criação, com a perfeição de todas as coisas, até mesmo as menores, todas expressão a maravilha da Criação de Deus.

Enquanto o coro canta o Salmo, o Sacerdote incensa a nave, também como lembrança que o Espírito Santo anterior a Criação do mundo. As Portas Santas continuam abertas, e isso nos remete as Portas do Paraíso e as primeiras pessoas criadas, Adão e Eva, antes da Queda.

Quando o Sacerdote entra no Santuário, termina a incensação e as Portas Santas se fecham e as luzes se apagam, como um símbolo da Queda do homem, de sua separação de Deus.

  o Diácono vai para o ambão, ficando diante das Portas Santas fechadas, e inicia a Grande Litania, que sempre se inicia com as palavras “Em paz”. 

Significado :Tal ordem simboliza que a paz é o estado base para que um fiel realize suas orações. 

O coro responde a cada petição com o “Senhor, tem piedade”. Ao final de suas petições, o Diácono comemora a Santa Mãe de Deus.

Significado : Aqui temos marcado o papel intercessor de Nossa Mãe Santíssima, acima de todos os Santos, e a Grande Litania é encerrada pelo Sacerdote, que dentro do Altar recita as Palavras em Honra da Santíssima Trindade.

 Na seqüência temos o Saltério, que nas paróquias é lido em uma forma reduzida , com o coro recitando os versículos do Primeiro Salmo, e o Diácono permanece de pé fora do Altar.

Significado : O Saltério é a emolduração cristã das verdades sagradas contidas no Antigo Testamento. Assim, na Vigília, temos como receber toda essa riqueza, já com a Luz do Cristo.

Após o Saltério, inicia-se a Pequena Litania, que como o nome indica, é uma seqüência de petições de suplicas reduzidas, em relação a Grande Litania.

Significado : Tal retorno as petições simbolizam o estado de tristeza da humanidade por Queda, em contínua súplica a Deus, até a Vinda do Senhor.







Na seqüência temos o canto dos Salmos 140 e 141, que são manifestações mais intensas da súplica do homem caído, uma súplica sincera, com arrependimento verdadeiro e desejo de servir a Deus. 

Significado :Com este Salmo, cada fiel nos dias de hoje pode se juntar a súplica dos nossos pais, em um reconhecimento de que nós também somos pecadores em busca de perdão.

Durante a recitação desses salmos, o Diácono novamente incensa a nave.

Significado : O salmo 141 diz : “Que a minha oração se eleve a Ti como um incenso”, e tal exalação do incenso é uma memória do sacrifício ofertado pelo povo de Deus em cada noite, quando ainda sob a Lei Mosaica.

O incenso tomando todo o templo, simboliza a oração de todos os fieis subindo aos céus, o Diácono incensa a nave e os fieis, e cada um fiel responde a incensação inclinando a cabeça, como um reconhecimento de que a oração de cada um deles está indo aos céus.

 Na seqüência temos a recitação por parte do coro de cânticos litúrgicos próprios do dia , que podem tratar das Bem Aventuranças, da comemoração de um santo, ou da Ressurreição do Senhor, e estes são recitados em alternância com Salmos, em uma seleção própria do dia.

Significado : Esses cânticos mesclam a tristeza do reconhecimento da queda, com a esperança da redenção em Cristo.Na seqüência, novamente temos as Portas Santas abertas, as luzes acessas e há uma nova incensação do templo pelo Diácono, enquanto se canta um hino em Honra a Mãe de Deus e ao Mistério do Encarnação, denominado Dogmática (menção ao Dogma da Encarnação através da Virgem Mãe de Deus)


.Ao fim da Dogmática, temos a Pequena Entrada (Procissão com Evangeliário), quando o Diácono e o Sacerdote saem do Santuário pelas Portas Diaconais.Significado : O Diácono simboliza então São João, o Precursor do Senhor, enquanto o sacerdote representa o próprio Cristo.


 Significado: O Mistério da Encarnação frisa que através da Mãe de Deus, todos os homens foram libertados da escravidão do pecado, pois através da Mãe de Deus veio ao mundo o Deus-Homem, santificando a humanidade. Temos na Dogmática o vislumbre da união entre o Céu e a Terra no mesmo espaço. Ao final da Dogmática, o Diácono, após incensar o altar, a nave , o povo e o coro, adentra o Santuário pelas Portas Santas, seguido pelo Sacerdote, e indo guardar o turíbulo diz “Sabedoria, fiquemos em pé”.



Neste momento, o coro recita o cântico “Luz Jubilosa” :

Ó LUZ JUBILOSA DA SANTA GLÓRIA DO PAI CELESTE, IMORTAL, SANTO E BEM AVENTURADO, SENHOR JESUS CRISTO! 
CHEGADOS AO PÔR DO SOL, CONTEMPLANDO A LUZ VESPERINA, NÓS CANTAMOS O PAI E O FILHO E O ESPÍRITO SANTO DE DEUS.
É DIGNO QUEM EM TODO O TEMPO TE LOUVEMOS COM VOZES PURAS, Ó FILHO DE DEUS, QUE DÁ A VIDA : TODO O UNIVERSO TE DÁ GLÓRIA !

Significado : Este hino  faz menção a analogia de Cristo com o sol, Sua Luz com o fim das trevas da noite, e nos remete a adoração da Igreja aos Santos Ícones, pois é dito nele ser Cristo a face visível da Trindade Santa, o ícone desta Trindade.

A exclamação do Prokimenon ocorre então imediatamente após o canto do “Luz Jubilosa”, com o Diácono entoando o Prokimenon do dia.




O Prokimenon é uma pequena passagem das Escrituras, intercaladas com versículos dos Salmos, e ele é lido no Santuário pelo Diácono, intercalando as falas com a do coro.


Ao fim do Prokimenon, fecha-se as Portas  Santas, apagam-se as luzes, e o Diácono sai do Santuário pelas Portas Diáconais. Fica de pé no ambão e dá inicio a Litania  Fervorosa.
Ao final da Litania, o Sacerdote de dentro do Altar, diz “A Paz esteja convosco”, e o Diácono responde : “Inclinemos nossas cabeças diante do Senhor”. Neste momento, o Sacerdote realiza orações em silencio, em favor dos fiéis.
Começa então a Litania de Suplica,  ainda com as Portas Santas fechadas e as luzes apagadas, com a resposta do povo sendo “Concede Senhor”, ao invés do “Senhor tem piedade”.

Significado :  A Pequena Entrada simboliza a vinda do Senhor ao mundo, que faz conhecida de todos a aproximação de Deus em busca do homem, para que tenhamos animo para orar. 

Em razão disso, a Igreja indica a intensificação de sua comunhão em oração imediatamente após ao Prokimenon e as leituras que o seguem. Agora temos, em substituição ao "Senhor, tem piedade", as palavras "Concede Senhor", que enfatizam ainda com mais clareza a intensidade da suplica pessoal.

 Se no início das Vésperas o clamor da Litania era em favor do bem estar em todo o mundo, agora temos um pedido especificamente relacionado para a nossa cura, para o bom guiamento da nossa vida espiritual, para que um Anjo de Deus nos proteja para nos seja possível vivermos um dia em paz e sem pecado, e que em caso de nosso falecimento, nos seja possível nos postar com esperança no Temível Tribunal de Cristo.

A oração que o Sacerdote faz em silencio quando do "Inclinemos as cabeças", se destina a ofertar a Deus a seguinte mensagem : Esses pecadores não aguardam dos homens qualquer auxílio, mas sim e somente esperam auxílio salvífico do Senhor, os mantendo livres dos inimigos interiores e exteriores, dos maus e vãos pensamentos.  Então, esse "inclinar as cabeças" é um sinal visível da total submissão dos fiéis a Deus, na confiança de estarem sob a Sua proteção.


                                                         Hinos finais das Vésperas

No início das Vésperas, vemos a Criação do mundo, passamos pela queda do homem, celebramos a Encarnação e o Aparecimento do Cristo.
Agora ao fim, com a oração de São Simeão, se estabelece um marco definitivo, indicando o fim do período da Antiga Aliança, seguindo agora então com o Novo Testamento.
Imediatamente após ao Cântico de São Simeão, temos a seqüência do Trisagion, do Tropário de Despedida e do Tropário a Mãe de Deus, cantado três vezes, que marca fundamentalmente o vislumbre da Ressurreição, anunciado a temática das Matinas, que vai começar justamente após as Vésperas.

O sacerdote, saindo pelas portas diaconais, abençoa  o povo, de pé no ambão, dizendo : " A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo desça sobre vós, por Sua graça e amor divino em favor dos homens, agora e sempre e pelos séculos dos séculos."
As Portas Reais são fechadas, as luzes são apagadas, e finda-se o ofício das Vésperas.