sexta-feira, 17 de maio de 2013

Apresentação

Diácono Marcelo entoando Litania, durante celebração do Mistério do Sagrado Matrimonio, em oficio celebrado na Paróquia Ortodoxa Santa Mártir Zenaide, tendo ao seu lado o Rev.Presbítero Vasyli, pároco da igreja Santa Zenaide.


Queridos irmãos, prezados amigos,

Cristo Ressuscitou !

Sou o Diácono Marcelo, servidor da Paróquia Ortodoxa Russa Santa Mártir Zenaide (Patriarcado de Moscou, Rio de Janeiro.).

Vivo na Cidade do Rio de Janeiro, 36 anos, funcionário do comércio, esposo de Paraskeva e pai de Nina e Miguel. 

Para além deste apostolado virtual, sou o editor do blog "Cetro Real"

Este blog vai tratar de uma narrativa ilustrada de cada um dos movimentos do clero celebrante quando dos oficios, buscar expor um pouco sobre o significado simbolico de cada ato, de um modo que o fiel ou visitante de uma paroquia ortodoxa, possa compreender com maior propriedade, o que de fato está acontecendo na celebração.

Vão ser destacados neste blog :

Os Ofícios da Vigilia Dominical (Vésperas e Matinas)
A Divina  Liturgia (Proskomidia, Liturgia dos Catecúmenos e Liturgia dos Fiéis)
O Ofício Pascal
Os Santos Mistérios do Batismo e Crisma e do Matrimonio.

As fotos da descrição dos oficios da Vigilia, Divina Liturgia e Oficio Pascal são todas referentes  ao trabalho catequético do Rev.Presbitero Constantino Parkhomenko, e os textos são de autores diversos, de forma geral (quando não forem do Diácono Marcelo) citados ao final da exposição ilustrada.


As postagens deste blog podem ser repostados em outros sites ,blogs e outros canais virtuais, desde que seja anexado as postagens a nota " Retirado do blog Cristão Ortodoxo www.oficiosortodoxos.blogspot.com.br "
 Que Deus permita este modesto esforço possa dar muitos bons frutos.

Em Verdade Ressuscitou !

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Adoração a Deus na Igreja Ortodoxa

     “Vinde, adoremos e prostremo-nos diante do nosso Rei e Deus.
      O Vinde, adoremos e prostremo-nos antes de Cristo, nosso Rei e Deus.
     O Vinde, adoremos e prostremo-nos diante  Cristo, nosso Rei e Deus.”
Este convite marca o início de cada dia para a Igreja Ortodoxa. 
Ele é retirado do Ofício das Vésperas, e expressa a atitude que está no coração da ortodoxia : A adoração de Deus - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - é fundamental para a vida e o espírito da Igreja Ortodoxa.

Em uma primeira visita, o visitante pode se sentir confuso com toda a  música e as cerimônias, mas é na adoração que o sabor caracteristicamente  rico de nossas tradições e fé viva da ortodoxia podem ser  verdadeiramente experimentados.


                                                     AS  DIMENSÕES DA ADORAÇÃO

A adoração é uma experiência que envolve toda a Igreja. Quando cada um de nós vem junto para o ofício divino, o fazemos como membros de uma Igreja que transcende os limites da sociedade, do tempo e do espaço.

Apesar de nos reunirmos em um determinado momento e em um lugar particular, nossas ações vão além da paróquia, no próprio Reino de Deus. Nós adoramos na companhia  tanto dos  vivos quanto dos fiéis defuntos.

Há duas dimensões para culto ortodoxo que são refletidos ao longo dos muitos serviços da Igreja. 
Primeiro, adoração é uma manifestação da presença e ação no meio do Seu povo de Deus. É Deus quem reúne o seu povo disperso juntos, e ele é o que se revela como entramos em Sua presença. 
O Culto da Igreja Ortodoxa exprime muito vivamente a verdade de que Deus habita entre o Seu povo e que nós somos criados para compartilhar em sua vida.

Em segundo lugar, a adoração é a nossa resposta corporativa de ação de graças à presença de Deus e uma lembrança de suas ações de economia - especialmente a Vida, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. 
Culto ortodoxo está centrado em Deus. Ele agiu na história, e ele continua a agir por meio do Espírito Santo. Estamos conscientes de suas ações e nós respondemos ao Seu amor com louvor e ação de graças. Ao fazê-lo, chegamos mais perto de Deus.

                                                      Expressões de adoração

O culto  de adoração na Igreja Ortodoxa é expresso de quatro formas principais:

A Eucaristia, que é a mais importante experiência de adoração da Ortodoxia.

A Eucaristia significa a ação de graças e a sua celebração e oferta é conhecida na Igreja Ortodoxa como a Divina Liturgia.
Nos Santos Mistérios , que afirmam a presença e ação de Deus nos acontecimentos mais  importantes de nossas vidas cristãs.




Todos os grandes Mistérios Sacramentais  são intimamente relacionados com a Eucaristia. São eles: O Batismo, O Crisma, A Confissão, O Matrimônio, As Ordens Sacras e A Unção dos Enfermos.

Nos Serviços e bênçãos especiais, que também afirmam presença e ação de Deus em todos os eventos, necessidades e tarefas em nossas vidas.

Nos Ofícios Diários , que são os serviços de oração pública que ocorrem ao longo do dia. 
Os mais importantes são as Matinas, que é a oração da manhã da Igreja, e  as Vésperas, que é a oração da noite da Igreja.


                                                            CARACTERÍSTICAS

Apesar de Serviços ortodoxos muitas vezes poderem ser muito elaborados, solenes e por isso mesmo demorados, eles expressam um sentimento profundo e penetrante de alegria.

Este animo é uma expressão de nossa fé na ressurreição de Cristo e da divinização da humanidade, que são temas dominantes do culto ortodoxo. 


   A fim de reforçar este sentimento e para incentivar a participação plena, os ofícios são    sempre são cantados.

A adoração não é simplesmente uma expressão em palavras. Além de orações, hinos e leituras bíblicas, há uma série de cerimônias, gestos e procissões.

A Igreja faz uso de um conjunto riquíssimo de  símbolos não verbais, que expressam a presença de Deus e nossa relação com Ele.

O  culto ortodoxo envolve a pessoa inteira, seu intelecto, seus sentimentos e sentidos.

   Os ofícios divinos na Igreja Ortodoxa seguem uma ordem prescrita. Ha um modelo prescrito, um formato e visual determinados para a nossa adoração.  
Isso é importante, a fim de preservar a sua dimensão plena  e manter uma continuidade, uma verdadeira atemporalidade.

        O conteúdo dos serviços também é definido. Há os elementos imutáveis, e há as partes    móveis, que mudam de acordo com a festa, estação, ou circunstância particular celebrada.       A regulação dos serviços por toda a Igreja enfatiza o fato de que a adoração é uma expressão de toda a Igreja, e não a composição particular advinda dos gostos de  um determinado sacerdote ou congregação.

Um objetivo muito importante da adoração é a propagação da doutrina da fé.

Existe uma relação muito estreita entre a adoração e os ensinamentos da Igreja.

A fé é expressa na Adoração, pois a adoração  serve para fortalecer e transmitir  a fé.
Como conseqüência, as orações, hinos e gestos litúrgicos da Ortodoxia são todos, meios importantes de ensino.
Um objetivo muito importante da adoração é a propagação da doutrina da fé.

Existe uma relação muito estreita entre a adoração e os ensinamentos da Igreja.
A fé é expressa na Adoração, pois a adoração  serve para fortalecer e transmitir  a fé.
A regulação dos serviços também serve para preservar a verdadeira fé e para protegê-la contra o erro.
A celebração da Divina Liturgia e dos Santos Mistérios Sacramentais é sempre ministrados  por clérigos ordenados.


Na paróquia local, os oficios e sacramentos são geralmente ministrados por um Presbítero,  que age em nome do Bispo, e este Presbítero  é por vezes assistido por um Diácono.

   As vestes do clero expressam sua vocação especial para o ministério, bem como seu posto particular.



    Sendo  o Culto na Ortodoxia  uma expressão de toda a Igreja, a participação ativa e o envolvimento da congregação é fundamental.

Não há na Ortodoxia  serviços "privados" ou  algum oficio no qual  não haja ao menos um fiel para alem do celebrante.  

Este forte sentimento de comunidade é expresso nas orações e nas exortações que estão sempre ditas no plural.

 Assim, se espera que o povo  participe ativamente nos serviços , no cantar os hinos,  concluindo as orações com o "amém"; respondendo as suplicas , fazendo o sinal da cruz, curvando-se, e, especialmente, ao receber a Sagrada Comunhão na Divina Liturgia. 
O cristão ortodoxo participa da oração na Igreja estando de pé. A congregação se ajoelha apenas em momentos particularmente solenes, como a invocação do Espírito Santo durante a Divina Liturgia.

        A Litania  é uma parte importante dos ofícios ortodoxos.

        A Litania é um diálogo entre o  Diácono (ou pelo Presbítero quando não ha Diácono) e a  congregação, que consiste de uma série de pedidos de oração, seguidos pela resposta: "Senhor, tem piedade" ou "Concede, ó Senhor".

        As Litanias  ocorrem com freqüência em todos os serviços e muitas vezes servem para distinguir  partes específicas do ofício.

       Adoração Ortodoxa sempre foi celebrada na língua do povo. Não há língua litúrgica oficial ou universal. Muitas vezes, duas ou mais línguas são usadas nos serviços para atender às necessidades da congregação.


 Rev. Presbitero  Thomas Fitzgerald

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vigília Dominical : Ofício de Matinas (Segunda Parte)

                                                                 Prokimenos.



 A razão para esta longa  preparação dos fiéis para a leitura do Evangelho é que o Evangelho continua a ser um livro "lacrado" e uma "pedra de tropeço" para aqueles entre os fiéis que a Igreja ainda não ensinou o entendimento e a aceitação correta dele.

Os Santos Padres ensinam que um cristão deve orar primeiro para tirar o máximo proveito espiritual da leitura da Sagrada Escritura. Esta preparação  introdutório e orante para a leitura do Evangelho na Vigília tem  esse propósito.

Na foto, vemos o Diácono e os Acólitos fazendo uma mesura, direcionada ao sacerdote celebrante, que neste momento se encontra no centro do templo. 


Nossas orações de preparação para a leitura do Evangelho incluem os seguintes elementos litúrgicos :

 Primeiro, o diácono canta: "estejamos atentos, sapiencia". E depois anuncia o prokimenon  relevante para a leitura do Evangelho. 


O prokimenon  como dissemos anteriormente, é um pequeno trecho das Sagradas Escrituras , normalmente retirado de um dos salmos, que é lido em conjunto com outros versos que complementam o tema do Prokimenon. 
 
O diácono entoa o prokimenon e seu verso de acompanhamento, e o coro responde depois de cada uma das falas do diácono.



A doxologia " Louvai o nome do Senhor no Seu Santuário", e os cantos "Que tudo o que respira louve ao Senhor", concluem o  Polyeleos com suas palavras festivas de louvor a introdução do Evangelho. 



                                                                 Significado :


Tudo  o que tem vida louva o Senhor, o doador da vida. Depois disso, a sabedoria, santidade e benevolência do Senhor, Criador e Redentor de toda a criação é explicada e pregada pela santa Palavra do Evangelho.

Acólitos iluminam a leitura., já a partir do anuncio do Prokimenon e dos seus versículos. 

                       O diácono desce do ambão dizendo em resposta ao coro que acabou de cantar "Louve o Senhor" : "E que Ele (o Senhor ao qual tudo o que respira louva)nos conceda ouvir o Santo Evangelho". No centro da igreja, o Presbitero aguarda para receber o evangeliário. 

                                                               O Santo Evangelho


Diz o diácono : "Sabedoria. , escutemos o  Santo Evangelho." 

Este é um convite para ficarmos tomados de retidão piedade, e respeito espiritual para ouvir a Palavra de Deus.

Como já disse antes, a parte central da Vigília  é a leitura do Evangelho. Nela podemos ouvir as vozes dos apóstolos, anunciando a Boa Nova da Ressurreição de Cristo.



São onze lições diferentes do Evangelho da Ressurreição , todas falam da Ressurreição do Salvador e de Seu aparecimento para as Mulheres Miróforas e aos discípulos, e são lidas  durante todo o ano nas Vigilias Dominicais, celebradas nas igrejas eslavas nas  noites de Sábado.

Nas igrejas de tradição grega, a parte das Vigílias
 denominadas Matinas, é celebrada na manha de Domingo, antecedendo a Divina Liturgia. 

Na mão do Presbítero que lê o Evangelho uma vela, como simbolo da presença de Cristo, a Luz que Ilumina o mundo. 

Normalmente essas  lições do Evangelho da Ressurreição são lidas  do altar, a parte mais importante do templo ortodoxo, que representa o túmulo de nosso Senhor. 



Contudo, nos dias de  festa, o Evangelho é lido no meio do povo. 

Quando lido no centro da igreja, ele é lido diante de um  ícone colocado no centro do Templo, representando o santo ou evento que está sendo comemorado cujo significado o Evangelho proclama.

Na Divina Liturgia, o Leitor pronuncia o Prokimenon e o Diácono lê o Evangelho, normalmente postando o evangeliario sobre um pulpito. Nas Matinas, é o Presbitero quem lê o Evangelho, e o proprio Diácono apoia o evangelirário. 


Ao final da leitura, o Presbítero beija as páginas do evangeliario, enquanto o coro canta : "Glória a Ti Senhor, Glória a Ti !"

Após a leitura do Evangelho da Ressurreição, o  Evangeliario será ofertado para  veneração, enquanto o coro canta :
Tendo contemplado a Ressurreição de Cristo, adoremos o Santo Senhor Jesus, 
o Único sem pecado. Ó Cristo, nós veneramos a Tua Cruz, cantamos e 
glorificamos a Tua Santa Ressurreição; pois Tu és o nosso Deus e além de Ti, não 
conhecemos outro. Vinde, todos os fiéis, veneremos a Santa Ressurreição de Cristo; 
pois eis, que pela Cruz, a alegria invadiu todo o mundo/. E, louvando ao Senhor, 
cantemos, sem cessar, a Sua Ressurreição, pois, tendo sofrido a Cruz por nós, Ele 
destruiu a morte pela morte 

   Significado :

Quando o Evangelho é lido do Altar, o Presbítero sai do altar com o evangeliário, sendo o Altar como o túmulo, e  ao segurar o evangeliario ,  simboliza  o anjo  que nos mostra Cristo, que foi anunciado na leitura. 



Quando o Evangelho é lido no centro do templo, o Diácono carrega o evangeliario para o ambão. e o eleva para que todo o povo o veja.

Como os discípulos, os paroquianos curvam-se diante do Santo Evangelho, e como as mulheres portadoras de mirra, eles beijam o Evangelho todos cantam : "Tendo contemplado Tua Ressurreição, ó Cristo..."

Tendo sido iniciada no  polyeleos, a nossa alegria pelo encontro com as misericórdias de Cristo tem neste momento da vigília o  reconhecimento  dos fiéis que na pessoa de Jesus Cristo, o Céu desceu à terra. 


Após o Evangelho ter sido lido e exaltado, o coro canta o salmo 50 e breves hinos relativos a ressurreição. Enquanto isso o Diácono se prepara para ler oração de memória de todos os Santos.

Devemos saudar o Reino Celestial com um espírito de arrependimento. Por esta razão, imediatamente após o canto alegre "Tendo contemplado a Tua Ressurreição, ó Cristo," o Salmo penitencial 50,  que começa com as palavras "Tem misericórdia de mim, ó Senhor", é cantado. 

Será apenas durante a noite da Santa Páscoa  e toda a semana que se lhe segue,  que tal salmo é omitido dos oficios divinos.

                                                                        Significado :

Este Salmo penitencial, "Tem misericórdia de mim, ó Senhor", é concluído com uma oração pela intercessão dos apóstolos, dos santos e da Mãe de Deus. 

Então, o verso de abertura do Salmo 50 é repetido: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua grande misericórdia, e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões!"

Mais adiante, é com uma  mistura da alegria da Ressurreição e do senso de arrependimento que ouvimos o hino :"Jesus, depois de ter ressuscitado dos mortos, como ele previu, nos deu a vida eterna e grande misericórdia." 


Este  "grande misericórdia",  demonstra que  Cristo concede a vida eterna para todos aqueles que se  arrependem.

































Enquanto diácono realiza leitura, o acólito ja prepara ao fundo a bandeja contendo os óleos para unção dos Sacerdotes e do povo, que vai ocorrer no centro do templo. 

Oração ao Senhor pela salvação de todos, inclui memória da intercessão orante da Mãe de Deus e de muitos santos citados nominalmente, variando de igreja local para igreja local, de modo que , por exemplo, em uma paróquia romena, santos romenos vão ser especialmente lembrados, em paroquias gregas santos gregos, em paroquias sérvias santos servios e assim o mesmo se dará em todas as paroquias. Contudo, os santos especialmente comemorados em cada jurisdição, são igualmente santos veneráveis e venerados em todas as demais jurisdições.
Após leitura de comemoração de todos os Santos, diácono e auxiliares se curvam perante ao celebrante que permanece no centro do templo. Terá inicio unção. 

O coro da inicio ao canto do Cânone das nove odes. Enquanto primeiras odes são cantadas, se dá unção de sacerdotes e leigos. 

O sacerdote que encabeça a celebração recebe do acólito o óleo, com o qual vai se ungir e posteriormente ungir todos os demais. 

O Presbítero beija o evangeliário (que permaneceu no centro do templo após a leitura do Evangelho) e se unge. 

Se outros presbíteros concelebram, eles vão realizar os mesmos passos após o Presbítero que encabeça a celebração.

Os Presbíteros concelebrantes se cumprimentam com um beijo mútuo em suas mãos direitas, e cada um deles vai se ungir. 

O Diácono será ungido após os presbíteros, mas ao contrário desses, ele recebe a unção do presbítero que encabeça a celebração. 

Os acólitos precedem os demais leigos na recepção da unção.
De maneira geral, aqueles que estão vestindo paramentos(que caracteriza a participação ativa na celebração litúrgica), precedem os demais.


A unção na Vigília Dominical era primeiramente reservada para as Grandes Festas, conectada com a benção dos óleos própria do oficio da Benção dos Pães (que ocorre ao final das Vésperas, quando das Grandes Festas).

Ao longo do tempo., a prática se estendeu para as Matinas de cada Domingo. 


Em paróquias pequenas, com poucos fiéis presentes no oficio de Matinas, a unção é rapidamente concluída, de modo que antes da conclusão das primeiras odes do Cânone tudo já foi concluído. Em catedrais ou mesmo em paróquias com muitos paroquianos, a unção dos fieis pode se estender por muito tempo. 


É um momento tradicionalmente aceito como apropriado para oferta dos fieis. Não apenas dinheiro, mas também vinho e azeite podem ser oferecidos, como uma doação dos fieis para igreja. 
Ainda que não seja algo prescrito, a prática piedosa dos fiéis é beijar a mão direita do sacerdote após receber a unção. 



                                                                      O Cânone 


Segundo a Igreja, a ressurreição de Cristo ilumina a natureza de qualquer pessoa que se une a Cristo. Este ensino é demonstrado na parte móvel da  vigília conhecida como cânones.

Como o milagre da Ressurreição de Jesus Cristo ilumina a natureza humana, no  cânone a Igreja mostra aos fieis como se dá esta  iluminação. 
Na prática contemporânea, o cânone é composto por nove odes ou cânticos  Cada uma dessas odes do cânone consiste de um número específico de tropários individuais.



Cada tema  tem um cânone  específico : A Santíssima Trindade, ou um evento a partir do Evangelho, ou a partir da história da Igreja, orações a Deípara, ou odes ao santo comemorado naquele  dia. 

O cânones de domingo celebram a Ressurreição de Cristo e a iluminação que se seguiu de todo o mundo, a vitória sobre o pecado e a morte. 



Os Cânones festivos  iluminam em detalhes o significado da festa e da vida do santo, como uma modelo da transfiguração do mundo que já está ocorrendo. 

A Igreja, em alguma medida celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte na  contemplação da luz desta transfiguração refletido nos cânones.

Após a terceira,  sexta e nona Ode do Cânone, o Diácono recita uma pequena litania.
Ao fim da última unção, o Presbítero, sendo precedido por acólitos com velas,  retira o evangeliario do centro do templo. 

Com o evangeliário nas mãos, o Presbítero abençoa o povo. O povo em resposta se inclina. Após a entrada do Sacerdote com o evangeliário, as Portas Reais são fechadas. Mas as cortinas permanecem abertas. 



Após o término da Oitava Ode do Cânone, se dará o Cântico de  Magnificação da Mãe de Deus. Já durante a Sétima Ode, o Diácono recebe benção para dar inicio a incensação do Santuário.

O Diácono então incensa a Mesa Santa e todos os lados do Santuário.

Na tradição grega, com a Matinas sendo realizada na manhã de Domingo, o oficio da Prótese (Proskomedia), que consiste na preparação dos Santos Vasos e dons oferecidos, é realizado durante a leitura do Cânone. A incensão do templo, que é realizada antes do inicio da Divina Liturgia, é então feita neste momento, quando da prática grega. 

O Diácono sai pela porta diaconal, incensa as Portas Reais, o ícone do Cristo e os demais ícones a direita como de costume. Ao retornar diante do ícone da Mãe de Deus do iconostásio, o Diácono exalta, levantando o turíbulo  : "Para a Deípara e Mãe da Luz, Cantemos louvores !"

"Minha alma engradece ao Senhor e meu espirito exulta em Deus meu Salvador" Canta o coro, expressando as palavras da Santíssima Deípara, no primeiro dos seis versículos do Canto de Magnificação.   


Ao fim de cada versículo, o coro canta : "Mais venerável que os Querubins, incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins, desta a luz ao Verbo de Deus, conservando intacta a Tua virgindade, nós te magnificamos ó Mãe de Deus". 

Durante toda a Magnificação o Diácono incensa todo o templo e os fiéis.Em seguida, o tropario da ode final do cânone é lido e, pela última vez, na Vigília, ouvimos a  Pequena Litania, " De novo e novamente em paz, oremos ao Senhor." 

Após esta última   Pequena Litania  e da  doxologia do Presbitero, o Diácono exclama: "Santo é o nosso Deus", e esta frase é, então, repetida três vezes pelo coro.

A Grande Doxologia


Nos monastérios , onde a vigília  realmente dura toda a noite, o sol se levanta durante a segunda metade da Vigília. 

Neste ponto, o Senhor, o Doador da Luz, é louvado através de um  hino cristão muito especial denominado  Grande Doxologia, que começa com as palavras: "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra". 

Mas antes disso, o Presbítero  através das Portas Reais abertas, do altar diante da Santa Mesa  exclama: "Glória a ti, que  no fizeste ver  a luz."


Glória a Deus nas alturas e Paz na terra, e boa vontade entre os homens! Nós
Te louvamos, nós Te bendizemos, nós Te adoramos, nós Te glorificamos e nós Te
damos graças pela Tua imensa glória! 

Senhor Rei dos Céus, Deus Pai Todo Poderoso, Senhor Filho Único Jesus Cristo e

Espírito Santo; Senhor Deus,Cordeiro de Deus, Filho do Pai que tiras o pecado do
mundo, tem piedade de nós. Tu que tiras o pecado do mundo acolhe a nossa súplica. Tu
que estás sentado à direita de Deus Pai, tem piedade de nós! Só Tu és o Santo, só Tu és o Senhor, Jesus Cristo, para a glória de Deus Pai. Amém!
Cada dia Te bendirei e cantarei eternamente o Teu Nome glorioso!
Digna-Te, Senhor, neste dia guarda-nos sem pecado. Tu és Bendito, Senhor, Deus de
nossos Pais e Teu Nome é louvado e glorificado eternamente. Amém! Senhor,
que a Tua Misericórdia esteja sobre nós segundo a esperança que depositamos em Ti! Tu és Bendito, Senhor! Ensina-me os Teus Mandamentos! (3x)
Senhor, Tu és o nosso refúgio de geração em geração, eu disse, Senhor, tem piedade de
mim. cura a minha alma porque pequei contra Ti! Eu me refugio em Ti,
Ensina-me a fazer a Tua vontade pois Tu és o meu Deus.
Pois em Ti está a Fonte de Vida e é na Tua Luz que vemos a Luz!
Concede a Tua Misericórdia aqueles que Te conhecem!
Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tem piedade de nós (3x)
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém!
Santo imortal tem piedade de nós! Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tem
piedade de nós.

Na tradição grega, as Matinas realizadas na manhã de Domingo, vão ser finalizadas ao fim da Grande Doxologia, tendo então o imediato inicio da Divina Liturgia.


Aos Domingos(Sábados a noite) e festas depois da Doxologia se lê tropários
especiais conforme o dia e o tom da semana.


Tons ímpares:



Hoje a salvação veio para o mundo; cantemos para Ele que ressuscitou do

túmulo, e é o Autor de nossa vida.  Pois tendo destruído a morte pela morte, Ele
deu à nós vitória e grande misericórdia. 


Tons Pares:



Tendo ressuscitado do túmulo,  e tendo

explodido as ataduras do Hades,  Tu destruíste a sentença da morte, ó Senhor,
livrando todos das armadilhas do inimigo.  

Manifestando -Se para Teus Apóstolos,  Tu os enviaste para pregar, e através deles Tu

concedeste Tua paz para o mundo,  ó Tu Que és o único pleno em misericórdia.


Na Vigília em uma paróquia  o Oficio das  Matinas  é concluido com  as Litanias Fervorosas e de Súplica , as mesmas que foram lidas no início da Vigília, durante as Vésperas.

Eles são seguidos por uma doxologia do sacerdote e pela despedida. 


O sacerdote se  dirige a Mãe de Deus, com a oração: 

"Ó Santíssima Deípara, salva-nos!" 

O coro responde com uma magnificação da Deípara: "mais venerável que os Querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os serafins". 
Depois disso, o sacerdote novamente glorifica o Senhor Jesus Cristo com a doxologia: "Glória a Ti, ó Cristo Deus,  nossa esperança, glória a Ti". 



O Coro responde com "Glória, e agora e sempre", mostrando, assim, que a glória de Cristo é também a glória da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

 E assim termina a Vigília como começou, com uma glorificação a Santíssima Trindade

Após benção, Portas Reais são fechadas e desta vez a cortina é cerrada, e só será novamente aberta quando do inicio da Divina Liturgia. As luzes são apagadas. 
Enquanto o Leitor está no centro do templo lendo as Horas, o Diácono ainda paramentado zela pela proteção dos objetos sagrados da Mesa Santa e já prepara a Mesa da Prótese, no qual vão estar primeiramente os Santos Vasos (Cálice e Patena) e os Dons oferecidos (o pão e o vinho abençoados). 




                                                                        As Horas


Após a bênção final do Presbítero, a Primeira Hora e parte final da Vigília  é lida.



                                                                   Significado :



Como já observado, a idéia primária, expressa nas Matinas é a realização da plena alegria pelos fiéis que se unem a Cristo, pois vão ser salvos e ressuscitados juntos para estar com Ele.



 Segundo a Igreja, só podemos alcançar a união com Cristo conservando uma atitude de humildade e reconhecimento da nossa indignidade. 



 Por esta razão, a vigília não acaba com o serviço festivo e alegre das Matinas, mas sim com a primeira hora, um serviço criado para expressar humilde, arrependimento e o esforço para buscar Deus.

O ciclo diário de serviços da Igreja Ortodoxa inclui três horas, além da primeira hora. 



As Horas Terceira e Sexta são lidas antes do início da Divina Liturgia, e à hora nona é lida antes do início das Vésperas. 



Formalmente, as Horas contem seleções de textos pertinentes a cada determinado momento do dia. 



No entanto, cada hora tem também um significado distinto místico e espiritual, pois cada uma delas comemora uma passagem da Paixão de Cristo.



 O serviço da leitura das Horas institui então um estado de séria  concentração , trazendo a marca  da Grande Quaresma e da Paixão.

Uma característica das Horas, que mostra o seu parentesco com os serviços da Grande Quaresma é que a leitura tem precedência sobre  os cânticos.



                    Após a oração da Primeira Hora,  o sacerdote sai do altar. 



Ele está vestido com humildade, vestindo um epitrachelion apenas, sem seus mais brilhantes paramentos exteriores. 

O templo está na semi-escuridão. 



Neste cenário, o sacerdote conclui a primeira hora, e com ela a vigília, com uma oração em que ele glorifica a Cristo como a luz verdadeira, que ilumina e santifica todo homem que vem a este mundo. 



Virando-se para o ícone da Mãe de Deus, ele comemora  sua ultima  oração. O coro responde com um hino festivo retirado do Akatiste da Anunciação da Deípara.

Na prática grega, as Matinas sendo encerradas quando ao fim da Grande Doxologia, não ha a leitura das Horas como elemento de ligação entre as Matinas e a Divina Liturgia. 
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Notas deste artigo foram retiradas das exposições combinadas  dos comentários  catequéticos sobre a Vigília  de autoria do Rev.Arcipreste Victor Potapov, os comentários do Rev.Presbitero Constantino Parkhomenko e do Diácono Marcelo(Paiva) sobre a vivencia litúrgica da Paróquia Santa Mártir Zenaide.